Pesquisa Hemerográfica

Metodologia para Pesquisa Hemerográfica

Prof. Dr. Erni J. Seibel

Introdução.

Antes de tudo é importante esclarecer que pesquisa hemerográfica trata de investigação em jornais. A proposta deste trabalho é sugerir a utilização deste recurso como base de estudos e pesquisa para as Ciências Sociais.
Por que e como fazer este tipo de pesquisa?

Habitualmente a questão da hemerografia esta ligada ao campo de conhecimento sobre a pesquisa jornalística. Pesquisas sobre analise de discurso.

Até recentemente a maior parte das pesquisas hemerográficas, era feita muito mais por historiadores na busca de informação sobre assuntos específicos em um momento do passado. Recorriam aos exemplares físicos de jornais em arquivos históricos. A pesquisa estava normalmente restrita a fatos pontuais, sendo raro pesquisar todas as matérias de um jornal do século XIX. As condições materiais (manuseio, pó, etc.) e tempo eram fatores que provavelmente não estimulavam um pesquisador debruçar-se sobre arquivos de jornais para investigar fatos que não fossem realmente prementes e específicos. Claro que nossa percepção não é radical; pode ser que em algum momento pessoas se dedicaram à fazer pesquisas exaustivas sobre jornais, mas talvez fossem exceções.

A organização de arquivos on line, os elos grandes jornais colocou à disposição dos pesquisadores uma possibilidade ímpar de investigação, a pesquisa hemerográfica; não somente a eliminação das restrições físicas de manuseio de jornais, mas a ampliação quase ad infinitum de pesquisar. Esta possibilidade amplia de forma exponencial as possibilidades de pesquisa. No entanto, fazer pesquisa hemerografica atualmente, não é a mesma coisa que fazer pesquisa nos jornais dos arquivos históricos de antigamente. As novas possibilidades colocam também novos desafios, isto é, como decifrar este gigante de dados e informações para extrair dele aquilo que se busca. Portanto, não se trata apenas de buscar dados específicos e sim, pensar novos mecanismos de busca e de filtro. Então, uma primeira tarefa é capturar as informações para alimentar seu banco de dados hemerográficos. A segunda é organizar este banco de dados e, finalmente uma terceira tarefa é analisar os dados. Pensar nas metodologias para estas tarefas é a proposta deste trabalho.

Por que e quando fazer pesquisa hemerográfica?

Nem todos os trabalhos de pesquisa remetem á pesquisa hemerográfica. Há temas que já estão sistematizados nos trabalhos acadêmicos convencionais e a PH teria pouco à acrescentar. Em qual situação de pesquisa a PH teria algo a contribuir? Em fatos que emergem como questões públicas, polemicas ou não, e sobre as quais ainda não existem dados sistematizados. Estamos nos referindo aos mecanismos de mídia que alimentam a opinião pública. É no âmbito da mídia que questões de interesse público saem de uma condição particular ou local e são alçadas ao debate público.

Lembramos que este tipo de pesquisa é de grande valia no debate sobre politicas públicas, pois a formulação de PP, em sociedade democráticas e participativas, partem de referências públicas. Os jornais conferem visibilidade pública a fatos e fenômenos. Este processo pode provocar uma transformação no status e no interesse público dos mesmos, condição fundamental para tornarem-se objeto de políticas públicas.

É importante considerar dois fatores limitativos da PH. O primeiro é o caráter ideológico e linha editorial do jornal. Tradicionalmente as empresas jornalísticas sempre estiveram no centro do universo de interesses políticos e, consequentemente, vínculos com governos, sejam eles de apoio ou de critica. Portanto, as empresas jornalísticas tem nas suas posições e orientações ideológicas seu veio seletivo de matérias e de seus conteúdos. Se a ideia é realizar uma analise de discurso a PH deve se concentrar preferencialmente nos editoriais ou nas colunas de jornalistas. Porem, se a ideia é investigar temas ou fatos, as fontes serão as matérias correntes nas diversas seções dos jornais (politicas, esportes, polícia, cotidiano, etc.)

As matérias jornalísticas.

É importante saber o que se quer do material hemerográfico.

a) As matérias jornalísticas expressam interesses e conflitos.
b) c) A partir de uma pesquisa hemerográfica pode-se analisar o desdobramento de um fato social.

Metodologia de pesquisa:
Alguns aspectos devem considerados ao fazer a investigação:

a) Escolher jornais que tenham bancos de dados informatizados e séries históricas mais longas.
b) Editais podem ser adequados somente para analise de discurso;

Metodologia de organização dos dados:
a) Escolher um tema;
b) Definir palavras-chave; é fundamental escolher as palavras adequadas;
c) Proceder a busca;
d) Montar o dossiê (em Access ou Excell);
e) Produzir tabela e gráfico. O estudo quantitativo pode expressar a intensidade com que um fato surge como noticia em determinada época, o que indica que eventos estejam dando visibilidade para o tema. ( ex. catástrofes, eleições, eventos científicos, emergência de movimentos políticos e sociais, etc.)

Metodologia de analise:
Ao estudar as matérias jornalísticas, sugere-se o seguinte roteiro:
a) Identificar o tipo de conflitividade, com a problematização em torno de uma questão. Ex.: o conflito entre as agências reguladoras e o governo.
b) Identificar os atores sociais (adolescentes, pescadores, meninos de rua, empresários, etc) e atores institucionais (prefeituras, ONG´s, Igreja, OAB, etc.) envolvidos na temática.
c) Identificar a dimensão espacial (local, regional, mundial) e temporal (sazonalidade, repetição periódica, etc.) de um fato ou fenômeno.
d) Identificar os encaminhamentos que os atores que se manifestam, sugerem, ou que vem sendo dados por autoridades. Ex.: organizar um programa social; ampliar repressão policial, constituir fóruns de debate, etc.

Fontes:
Os principais jornais do país e do exterior que possuem bancos de pesquisa.

Ex.: ACERVO FOLHA DE SÃO PAULO (http://acervo.folha.uol.com.br/fsp);